W3
© DE Tonicato Miranda
(anos plúmbeos e “aliás”)
W-3
em qual mês,
minha primeira vez?
Lembro de você, serpente
deitada desde o poente
até os limites da Torre de TV
W-3
todo mês
fez menino fez / fez menina fez
minha rua / minha tez /
W-3 / W-tez / toda sua / toda minha / um de cada vez
passo lento / passa vento / passa passa – W-3
W-3
era bom lhe ver
passear você e a cidade não ver
passar nas suas vitrines a ver
primeiras e últimas novidades
tentação feminina, limiar do querer
W-3
BiBaBo, Mocambo, Casebre 13,
lojas guardadas na sua rica caixa
uma delas Casa da Borracha, onde está
nos guardados não mais se acha?
queimou –se, virou fogueira, virou acha
W-3
centro comprido, reta pura
loja depois de loja, confundindo a procura
lugar de encontros e cursos de costura
escolas de datilografia; casas de fotografia
3×4, 5×8; dentistas com dentaduras na polia
W-3
cruzava-a todos os dias sem lhe partir
No rumo do CASEB e do Elefante Branco
Elefante que não solapava seus barrancos
Elefante Branco, Branco, Branco, Branco
distante um pouco dos seus muitos bancos
W-3
não tenho saudade de você avenida
nem das suas praças de cimento
pois ainda está aí, com todas suas feridas
no seu canteiro já teve retornos e carros
muito mais árvores, algumas muito floridas
W-3
querem agora lhe dar bonde moderno
pensam lhe remoçar como nova noiva
para a visita dos homens de terno
queira não, chama o povo a um beijo terno
diga que lhe apraz o céu mais do que o inferno
W-3
em qual mês,
minha primeira vez?
Lembro de você, serpente
deitada desde o poente
até os limites da Torre de TV
W-3
todo mês
fez menino fez / fez menina fez
minha rua / minha tez /
W-3 / W-tez / toda sua / toda minha / um de cada vez
passo lento / passa vento / passa passa - W-3
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