domingo, 10 de agosto de 2008

W3


© DE Tonicato Miranda


(anos plúmbeos e “aliás”)


W-3

em qual mês,

minha primeira vez?

Lembro de você, serpente

deitada desde o poente

até os limites da Torre de TV


W-3

todo mês

fez menino fez / fez menina fez

minha rua / minha tez /

W-3 / W-tez / toda sua / toda minha / um de cada vez

passo lento / passa vento / passa passa – W-3


W-3

era bom lhe ver

passear você e a cidade não ver

passar nas suas vitrines a ver

primeiras e últimas novidades

tentação feminina, limiar do querer


W-3

BiBaBo, Mocambo, Casebre 13,

lojas guardadas na sua rica caixa

uma delas Casa da Borracha, onde está

nos guardados não mais se acha?

queimou –se, virou fogueira, virou acha


W-3

centro comprido, reta pura

loja depois de loja, confundindo a procura

lugar de encontros e cursos de costura

escolas de datilografia; casas de fotografia

3×4, 5×8; dentistas com dentaduras na polia


W-3

cruzava-a todos os dias sem lhe partir

No rumo do CASEB e do Elefante Branco

Elefante que não solapava seus barrancos

Elefante Branco, Branco, Branco, Branco

distante um pouco dos seus muitos bancos


W-3

não tenho saudade de você avenida

nem das suas praças de cimento

pois ainda está aí, com todas suas feridas

no seu canteiro já teve retornos e carros

muito mais árvores, algumas muito floridas


W-3

querem agora lhe dar bonde moderno

pensam lhe remoçar como nova noiva

para a visita dos homens de terno

queira não, chama o povo a um beijo terno

diga que lhe apraz o céu mais do que o inferno


W-3

em qual mês,

minha primeira vez?

Lembro de você, serpente

deitada desde o poente

até os limites da Torre de TV


W-3

todo mês

fez menino fez / fez menina fez

minha rua / minha tez /

W-3 / W-tez / toda sua / toda minha / um de cada vez

passo lento / passa vento / passa passa - W-3


Nenhum comentário: