sábado, 30 de agosto de 2008







Joao  
Batista do Lago 


Coleóptero


© DE João Batista do Lago


Vasto-me de indivíduos-inseto

Desde a planície ao planalto

Vago em vôos rasantes

Perscrutando a presa fácil

Que me servirá de covil

Onde nem veredas mais há

Neste deserto que um dia foi floresta

- floresta de pau-brasil!


Vasto-me, assim, Coleóptero!

Voando com asas de estojo

Entre as éticas e as virtudes

Enfim, é preciso esconder o nojo

Que de mim fede como joaninha

Perfume de colarinhos brancos

Já encardidos pelas roubalheiras

- desta floresta jaz uma nação inteira


E de tantos indivíduos-inseto

Vasto-me não-conspícuo

Na inclareza das identidades

Sem ter por certo a pureza de formar

Desde a planície ao planalto

Uma nesga firme de caráter

Que me revele sujeito capaz de ter

- desta floresta! - toda virtude; todo poder!


O SUJEITO ÁPORO


© DE   João Batista do Lago


Cava dentro em mim

O inseto amargurado

Solitário em sua dor

Cava… e cava… e cava...

Cava silenciosamente

Desesperadamente só

Cava sem lamento (e)

Tudo que encontra: pó



Só ele vê as crateras

Onde reside o pus (do)

Ser: verme em vulcão

Humano: danado cão

Pois mesmo escavado

Não se dá por vencido

Assim convencido

Gera-se deus-inseto-cão


Metamorfoseia-se:

Orquídico em Fénix

Surgente das cinzas

Vê-se sujeito presente

- Inseto agora ausente –

Voltado das cavernas

Pretende ser gente (e)

Plantar orquídea à mente


biografia: 

http://joaopoetadobrasil.wordpress.com

brasilbrasileiro58@yahoo.com.br

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