GÊNESE DA MORTE
© DE João Batista do Lago
Ó criatura iluminada da minha existência
Vens a mim com tua soberania imaculada (e)
Viajemos pelos túneis diversos dos tempos
Que nos revelam o espaço de novas moradas
Vens, ó doce criatura, em majestosa carruagem
Traze contigo as jovens filhas do Sol
Para podermos atravessar o mágico portal
Que nos levará à eqüidade voluptuosa do fogo eterno
Vens e traze contigo o fogo do deus Sol
Para queimarmos nosso tempo invernoso
Para que eu não retorne às casas noturnas
Onde só a escuridão e o sono são companheiros
Vens, ó santa criatura, e atravessemos os umbrais
Ainda que eles nos queiram impingir as dores
Dores do parto que haveremos de fazer (e assim)
Quebremos os grilhões de amores infaustos
Vens, ó irmã gémea, vida e morte do meu ser
Filha, como eu, do Oráculo do Saber
Templo que tudo principia – e finda! –
Casa do instante, senhor de toda democracia
Vens, ó espírito do minha alma,
Viver, não é preciso não!... Morrer toda Necessidade!...
Necessidade do Princípio sem início... sem fim
Sem as correntes que sufocam toda Verdade
Vens, enfim, ó bela e santa Morte!
Gruda-me ao peito e me carregas ao seio
Quero contigo sorver do vinho da Virtude
Quero contigo embriagar-me nas vinhas da Justiça
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