segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
PRELÚDIO
PRELÚDIO
© DE João Batista do Lago
Sei-te senhor da sabedoria
Sei-te ordenador das luzes
Sei-te fonte de toda caloria
Sabes tão pouco do meu ódio
Sabes tão pouco da praga que te jogo
Quando surges, a leste, no teu exórdio:
Ladras manhãs que me roubam.
Prefiro teu epílogo quando queda no oeste!
Neste instante todas luzes brilham
Todas as estrelas cintilam e bailam sob os telhados
Todos os astros se acomodam
É quando surge minha aurora:
Desnuda!
Voa em minha direção e me abre os braços
- e as pernas! –
E num só enlaço me leva ao mais profundo dos mundos
Sol de todas as fontes de felicidades...
Mesmo que na manhã seguinte renoves teu discurso
- ainda assim –
Aguardarei o poente da tua sabedoria
Donde surgirá em beleza esplêndida
Nua
Carnuda
Desnuda
Trazendo-me todos os louvores e augures
A mais bela amante da minha alegoria...
(E cantamos na inteira noite o prelúdio das cigarras!)
domingo, 7 de setembro de 2008
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Nauro Machado
POESIAS DE NAURO MACHADO
Apenas uma Coisa
Existe amor?
Palpável como o dia,
como a matéria com que é feito o objeto
chamado mesa, catedral ou baço
nitrindo em tantas coisas?
Como amar
esta incorpórea substância carnal,
este lampejo de chão no infinito?
Existe amor?
Palpável como a terra?
Debaixo ou sobre a terra, ainda carne,
algum finado saberá do amor,
essa chama votiva a brilhar ainda?
Amou Torquato a Maria? Amou deveras?
Digam-nos os anjos corcundas do além,
a ave agoureira ao céu crucificada,
o revoar de asas na papal coroa.
Amou Torquato a Maria, ainda carne?
Ama Maria a esse pó apenas nome
legado aos filhos como letra morta,
como moeda gasta em mão mendiga?
Chupando um dedo só, o amor se alimenta.
==========
Como te massacraram, ó cidade minha!
Antes, mil vezes antes fosses arrasada
por legiões de abutres do infinito vindos
sobre coisas preditas ao fim do infortúnio
(ânsias, labéus, lábios, mortalhas, augúrios),
a seres, ó cidade minha, pária da alma,
esse corredor de ecos de buzinas pútridas,
esse vai-e-vem de carros sem orfeus por dentro,
que sem destino certo, exceto o do destino
cumprido por estômagos de usuras cheios,
por bailarinos bascos sem balé nenhum,
por procissões sem deuses de alfarrábios velhos,
por úteros no prego dos cachos sem flores,
por proxenetas próstatas de outras vizinhas,
ou por desesperanças dos desenganados,
conduzem promissórias, anticonceptivos,
calvos livros de cheques e de agiotagem,
esses lunfas políticos que em manhãs — outras
que aquelas já havidas, as manhãs do Sol —
saem, quais ratazanas pelo ouro nutridas,
apodrecendo o podre, nutrindo o cadáver.
Se Caim matou Abel e em renovado crime
Abel espera o dia de novamente ser
assassinado em cunha de rota bandeira,
que inveja paira em Tróia ou em outro nome qualquer
da terra podre e azul de água e cotonifícios?
Mutiladas manhãs expõem-se nas vitrinas
de sapatos humanos mendigando pés,
de vestidos humanos mendigando peitos,
de saias humanas mendigando sexos.
Esta é Tróia!, o vigésimo século em Tróia,
blasfemam as fanfarras de súbito mudas
nos ouvidos mareando a pancada da Terra.
==========
O Parto
Meu corpo está completo, o homem - não o poeta.
Mas eu quero e é necessário
que me sofra e me solidifique em poeta,
que destrua desde já o supérfluo e o ilusório
e me alucine na essência de mim e das coisas,
para depois, feliz e sofrido, mas verdadeiro,
trazer-me à tona do poema
com um grito de alarma e de alarde:
ser poeta é duro e dura
e consome toda
uma existência.
==========
Maldita a vida me seja,
três vezes maldita seja
a vida que me desastra
e que por ser-me finita,
três vezes seja maldita
e amaldiçoada madrasta.
Quem me fez como um qualquer,
dormindo aonde estiver,
saiba deste desprazer,
para sempre e desde saiba,
para que o seu Ser não caiba
na pequenez do meu ser,
que eu não pedi para estar
com minhas pernas no andar,
com minha emoção a sentir
este universo que tapa
a minha boca num tapa
e a minha língua sem Ti,
essa coisa que fede a iodo,
como a água do mar ou do
envelhecimento o rim,
essa coisa que derrama
seu púbis velho de chama
a extinguir-se quase ao fim,
corpo de Deus! Corpus Christi!
Viste-O algum dia? Tu O viste
sequer um dia como tu?
Integral e à dor exposto,
desde o cio ao suor do rosto,
desde impotente até nu?
Os meus membros são crepúsculos!
São sangue e iodo os meus músculos,
é iodo e sangue a minha cruz.
Por que não nasci não sendo?
Por que, ao amanhecer, acendo,
noutra treva, cega luz?
Se além da terra existe ar,
se além da terra ainda há
por menor que seja, um seja,
como à noite volta o dia,
como, ao corpo, o que o procria,
como, em mim, meu ser esteja!
Dentro ou fora, qual gaveta,
para que, em mim, o ser meta
quem, em mim, é este meu ser,
olho, em volta, à minha volta,
e olho nada — só o que solta
de qualquer um: quem ou o quê?
Nada é, pois tudo se sonha.
E se alguém me falar: ponha
tudo o que lhe resta, e resta
no que, ao pôr-se, se me põe,
para que em mim meu ser sonhe,
vivo morto — e a morte empesta!
Como dar à vida pôde
o nada ser que sou de
outro feito pelo ser?
De outro ser, igual a mim,
mas de outro início a outro fim,
noutra vida até morrer?
Ó envelhecer do meu estar!
Da leitura de Balzac,
de La Comédie Humaine,
se passaram tantos anos
nos malogros desenganos,
sem disfarce ou mise-en-scène.
Bela Eugénie Grandet:
sois lembrança a anoitecer
pelas tardes do meu Carmo,
quem me traz a quem não sou
na usura do pai Goriot
que me a mim dá, para dar-mo
no meu duplo a ser mais dois,
quais búfalos que são bois,
ao mar meu a ser mais mar de
ontem que ao ser-te, alma, foi-te,
nas noites que são mais noite,
nas tardes que são sem tarde.
Só me lembro das andorinhas,
que hoje são luas-vinhas
que iam e vinham às seis,
só me lembro das sequazes
na imprecisão de alguns quases,
na distância de vocês!
Róseas ruas da memória,
róseas ruas hoje escória
que a soçobrar mais me sobe,
afundai-me na lembrança
hoje cravos da criança
que meu cadáver descobre.
Como, à noite, acendo a lâmpada,
para imitar (rampa da
noite) uma inútil manhã,
como o como que mais como,
assumo, na idéia, o pomo
da primitiva maçã.
Assumo o dia original.
Nascimento à morte igual,
nascimento em morte assumo
nesta página onde, em branco,
minha vida inteira arranco
do nada em que subi. E sumo.
E sumo a sós. Mas prossigo:
"na idéia é bem maior o trigo
que na boca o próprio pão,
na idéia janto a sós, comigo,
o pão real que mastigo
feito de imaginação".
Azul manhã em contumácia!
Negra noite, azul, te amasse
a idéia sem pensamento,
te amasse a própria Idéia
reduzida a uma hiléia
sem ar, floresta, rio, vento.
Locador de um condomínio
frustrador de um hímen híneo,
frustrador de um hímem são,
locador que loca um louco,
de carne e ossos sou reboco
deste barro em maldição.
Tudo é farsa, menor dor.
Sou, em mim, o que me sou
desde o ventre que me fez.
E contemplo a arraia, e raia
dela, como de uma praia,
a noite toda. Ei-la aqui. Eis:
andaime, sucata, ferro,
vagido, vagina e berro,
viatura e papelório,
passa tudo, e é a viatura
conduzindo à sepultura
meu ser morto. E sem velório.
Pois viu a terra e além bebeu-a,
pois viu o tempo e disse: é meu, à
solidão cerzindo a roupa
onde, se me dispo, visto
o sexo nu de algum Cristo
que, despido, não me poupa.
Dez anos de coito cego
são as metáforas que lego
à solitária da escrita,
aonde não chega ninguém
exceto o vazio que vem
de uma montanha infinita.
Ao ouvir da tarde: fracasso!,
conquanto, vergando, os braços
dissessem: pára, enfim finda!
e morre, ó alma desgraçada,
eu ousei retornar do nada,
ousei retornar ainda.
Abandona, ó rei, abandona
o abono de qualquer cona
além do sangue e da queixa.
Cerca a tua casa e a mura
com o suor da tua estatura,
e deixa o remorso, deixa-o!
Senhor do teu sofrimento,
vai-te com o diabo e o vento,
vai-te com a noite e o monte.
E fala, ainda que mudo,
que, do nada, igual a tudo,
sobre ambos nasces. E põe-te!
Elimina todo se
da pretensão de existir
na existência que é demérito,
e no não haver nascido
elimina-te existido,
elimina-te pretérito!
Eliminar o talvez.
Não saber dia, hora ou mês,
não saber até o minuto
em que me vim sendo feito
plantando a morte no peito
e o espinhaço no meu fruto.
Por que o vemeversoverbo
da herbívora erva que eu erbo
no meu plantio masculino,
inverte o chão do seu galho
arrancado do assoalho
repicando como um sino?
Ter olhos-Deus! olhos-sóis
tem-no o Deus que cego a sós,
tem-no o horizonte a pôr-se
como colírio em dordolhos,
tem-no quem me olha nos olhos
como se cego eu já fosse!
Ah!, se a pedra me fizesse
fazer-me cobrir quem desce
à região do ser meu se,
para não haver nascido
ou o houvesse enfim já sido
sem que eu dissera: nasci!
==========
Fila indiana
Um atrás do outro, atrás um do outro,
ano após ano, ano após outros,
minuto após minuto, século
após séculos, continuam
(a conduzir seus madeiros
na perícia dos próprios dramas)
um atrás do outro, atrás um do outro,
ano após ano, ano após outros,
minuto após minuto, século
após séculos, e de novo
um atrás do outro, atrás um do outro,
até a surdez final do pó.
De O Calcanhar do Humano (1981)
A sentença
Ó solidão, minha mãe
em toda parte do corpo,
meu escaler sem esperança
no oceano dos naufrágios.
Só as árvores estão vivas
no meu espírito que é morto.
Ó sinos, pombas errantes
no bronze da eternidade!
Remai, tempo de amargura,
às praias sem amanhã.
Ó solidão, minha mãe,
medusa erguida sem pai.
==========
Balança comercial
Troco sóis pelas naus,
os são pelos loucos troco,
na embriaguez com que soco
minha fúria no meu caos.
Tudo é uma questão de troca:
noves fora, restam nove,
até que outro alguém nos prove
que Deus é um dente sem broca,
que Deus é um maxilar
independente do alvéolo
tal como independente é o
ser do seu próprio estar.
Onde estamos não nos cabe,
onde estamos não comporta
a nossa alma que é uma morta
que do corpo nada sabe.
Ó desejo para fora
a romper-nos desde o dentro!
Ah, sairmos do nosso centro
para sempre e desde agora!
Abandonarmos casca e ovo,
abandonarmos a casca,
é um desejo que nos lasca
para quebrar-nos de novo.
Sermos gema, sem ser clara!
Sermos o Ser que É, não o que é
uma coisa chã e qualquer
nesta cara, a mesma cara!
Termos olhos, que são dois,
termos olhos, só dois a esmo:
troco tudo por uns bois
e até a alma comigo mesmo!
Troco tudo, como troco,
se trocar eu me pudera,
esta verdade quimera
do sonho com que me soco.
De O Signo das Tetas (1984)
==========
Prece à boca da minha alma
Não te transformes em bicho,
ó forma incorpórea minha,
só porque animal capricho
perdeu o humano que eu tinha.
Guarda, do animal, o alheio
esquecimento. E somente.
Mas lembra aquele outro seio
que te nutriu a boca e a mente.
E recorda, sobretudo,
que não babas ou engatinhas,
a não ser quando te escuto
pelos becos, dentre as vinhas.
Vive como um homem morre:
em solidão e na esperança.
guardando a fé que socorre
em mim, semivelho, a criança.
Mas não te tornes em bicho,
nem percas o ser humano,
só porque a tara (ou o capricho)
deu-me este existir insano.
De Do Eterno Indeferido (1971)
sábado, 30 de agosto de 2008
Joao
Batista do Lago
Coleóptero
© DE João Batista do Lago
Vasto-me de indivíduos-inseto
Desde a planície ao planalto
Vago em vôos rasantes
Perscrutando a presa fácil
Que me servirá de covil
Onde nem veredas mais há
Neste deserto que um dia foi floresta
- floresta de pau-brasil!
Vasto-me, assim, Coleóptero!
Voando com asas de estojo
Entre as éticas e as virtudes
Enfim, é preciso esconder o nojo
Que de mim fede como joaninha
Perfume de colarinhos brancos
Já encardidos pelas roubalheiras
- desta floresta jaz uma nação inteira
E de tantos indivíduos-inseto
Vasto-me não-conspícuo
Na inclareza das identidades
Sem ter por certo a pureza de formar
Desde a planície ao planalto
Uma nesga firme de caráter
Que me revele sujeito capaz de ter
- desta floresta! - toda virtude; todo poder!
O SUJEITO ÁPORO
© DE João Batista do Lago
Cava dentro em mim
O inseto amargurado
Solitário em sua dor
Cava… e cava… e cava...
Cava silenciosamente
Desesperadamente só
Cava sem lamento (e)
Tudo que encontra: pó
Só ele vê as crateras
Onde reside o pus (do)
Ser: verme em vulcão
Humano: danado cão
Pois mesmo escavado
Não se dá por vencido
Assim convencido
Gera-se deus-inseto-cão
Metamorfoseia-se:
Orquídico em Fénix
Surgente das cinzas
Vê-se sujeito presente
- Inseto agora ausente –
Voltado das cavernas
Pretende ser gente (e)
Plantar orquídea à mente
biografia:
http://joaopoetadobrasil.wordpress.com
brasilbrasileiro58@yahoo.com.br
Floreny Avila Ribeiro
Floreny Avila Ribeiro
[Cônsul - Z-SSO-Porto Alegre-RS]
RUA DOS CATAVENTOS
Naquela ruazinha
em dias de vento
saias rodadas bailam
como cataventos.
Alguém passa, pára e olha.
E ali fica muito atento
saboreando tudo
sem se importar com o vento.
Ele é poeta
vagaroso é o tempo.
E aquela ruazinha
de ondulantes ventos
é sua amada, sua namorada
a sua rua dos cataventos.
VENTOS ANTIGOS
Leves manhãs airosas
remontam a um passado
que nem sei se vivi.
Talvez, quem sabe, uma outra vida...
Não importa.
O que me trás, hoje, aqui
são esses ventos antigos
suaves aromas...
E apoesia derramando letras
compondo frases extraidas
de um tão profundo eu.
Só a ti confesso
poema
amigo
Saudade!
Saudade das manhãs
e ventos antigos.
BRINDEMOS...
Brindemos ao sol, à lua
ao mar, às praias brancas.
Brindemos às flores, aos pássaros
ao sorriso, à esperança.
Neste fim de ano
esqueçamos as dores
os sofrimentos, as angústias...
Esqueçamos as lágrimas de todas as mães
que perderam seus filhos [violência, cocaína...]
Esqueçamos as guerras
pátrias em sangue, seus órfãos...
Esqueçamos a miséria, a fome
nossas lutas em vão
vitórias de Pirro...
Neste fim de ano
ergamos a taça e
brindemos à estrela cadente
que nos trouxe a luz.
A luz de um Ser
que nos ensinou o perdão
a misericórdia, a benevolência, a justiça...
E, acima de tudo, presenteou-nos com o Amor
[a maior de todas as dádivas].
Neste fim de ano
brindemos a Cristo!
Brindemos à esperança, de que sua Luz
aplaque a rigidez dos corações
que a fraternidade reine entre os povos
que saibamos saciar
a sede e a fome dos aflitos...
Neste fim de ano
brindemos à Paz!
E, como Ele mesmo dizia,
'Que a paz esteja convosco'
e que possamos, enfim, dizer:
Amém!
Biografía:
Floreny Avila Ribeiro, licenciada em Músiac pela UFRGS, é compositora, poetisa e declamadora. Há sete anos coordena o Acervo Mario Quintana da Casa se Cultura Mario Quintana [CCMQ], em Porto Alegre, ministrando palestras aos alunos da rede escolar [Projeto Palavra Viva]. É autora e coordenadora do Projeto Seresta na Casa, que acontece uma vez por mês, na CCMQ. Tem três composições [música e letra] gravadas no CD da cantora Naura Elisa, de Porto Alegre.
Participação em Coletâneas:
1997- PULSAÇÕES PARA O NOVO MILENIO - Ed. Alcance
1998 - GENTE DA CASA [da Casa do Poeta Rio-grandense] - Ed. Alcance
2000 - 5ª ANTOLOGIA DE ESCRITORES LOURENCIANOS [onde obteve o
primeiro lugar com o poema Ventos Antigos] - Ed. Hofstatter
2002 e 2004 - PALAVRAS [da Associação de Jornalistas e Escritoras do
Brasil-AJEB] - Ed. Evangraf
2006 - CASA DO POETA RIO-GRANDENSE [42 anos] - Ed. Alcance
floreny_r@yahoo.com.br
Ilka Vieira
Ilka Vieira
[Cônsul - Z-NNO-Rio de Janeiro - RJ]
Maturidade
Ilka Vieira
Amadurecer
é um acúmulo de percalços,
mas é saber dos prazeres
e apostar cada vez mais na felicidade.
É um festival de vivências...
É sentir a tempestade
e se banhar na chuva.
Amadurecer é se saber só
diante dos experimentos
e poder optar
em que estação saltar.
É ajustar o momento
sem coonestar..., sem se perder
das escolhas delineadas,
tão bem guardadas
para partilhar.
Amadurecer
é provocar um encontro
cara a cara com a vida
e, sem lástimas, levar dele
a capacidade de reconstruir,
percebendo cada passo
das imperfeições.
Amadurecer é retemperar!
Larguei do Cais
Ilka Vieira
Larguei do cais...
Precisei embarcar sem doçura...
... não olhar pra trás...
... enaltecer a amargura,
arrepender-me jamais!
Larguei do cais
afogando meus sonhos flagelados...
... consumindo meus gritos reprimidos...
... transportando meu casco arranhado...
... rebocando sussurros não ouvidos...
Larguei do cais pré-condenada,
alvitrando erros cometidos,
tornando minha sentença invalidada,
por amor próprio compadecido
Alicerce Marinho
Ilka Vieira
Reinvade estas águas que
obsecram pela tua moradia...
Vem...
Vem refogar teus temperos
marinhos e embriagadores
ao meu apurado paladar...
Deixa que eu te descubra
entre os mistérios
da minha outra vida
quando eu não marejava,
apenas buscava-te pela minha secura
em maré vazia...
Refaz teu marco no meu fundo
e apossa-se das minhas riquezas.
Contigo não sofro
o estalido da dor,
cedo à tua tímida ternura
lacrando minha correnteza.
E antes mesmo que
venha novamente guardar-me
para o teu sonho mais lindo,
abro-me para o teu repouso
nos alicerces da
nossa realidade:
Tornei-me um oceano aberto,
mas só tu cabes em mim...
biografia:
Ilka Vieira,
nascida e residente da cidade do Rio de Janeiro. Administradora de Empresas ainda em pleno exercício de trabalho, reserva seus curtos momentos de lazer dedicando-se à poesia que além dela, escreve desde criança contos e histórias infantis. Publicou diversos artigos em técnica de treinamento para a área de saúde. Participou de alguns concursos literários, dos quais lhe honraram por brilhantes classificações. Escreveu Labirintos de Mulher em 2 volumes [livro virtual] editado pela Del Nero Bookstore.
Seus poemas poderão ser apreciados em seu próprio site:
http://www.ilkavieira.com
ilkavieira@globo.com
Malu Otero
Malu Otero
[Cônsul - Assis-SP]
LOBO COM DISFARCE
Como podemos avançar,
Se nos puxam o tapete?
Sai e entra governo, no lar
Do pobre, vive igual a gente
Em nós, a esperança nasce,
Com o ano que recomeça,
Mas tanto lobo com disfarce,
E não há quem os impeça...
Mensalões e mensalinhos,
Lavagem de dinheiro à bessa.
Salário mínimo minguadinho,
Mas o congresso sai dessa...
Por si o político sabe legislar
Do bem do povo se esquecem
Até quando assim vamos estar?
Nosso voto eles não merecem!
Assis - São Paulo - BRASIL - 11/01/07
SEMBRADOR
Malu Otero
Él sembró esa mata
Tanto verde, tanta sombra
En verano...
Él sembró otras matas
Tanto amor, tanto calor
En invierno...
Él sembró muchas matas
Y cosechamos sus frutos
Todo el tiempo...
¡Cuánto recuerdo de su obra!
Tantas obras, tanto valor,
Infinito...
AUNQUE PASEN COSAS
Malu Otero
Aunque pasen cosas
No dejaré de quererte
Aunque pasen cosas
Peleas y palabras duras
No pueden borrar el hecho
Y aunque pasen cosas,
Qué seas bruto o yo estúpida
No importa, no importa
Dividiremos el mismo techo
Aunque pasen cosas...
A la vez tabajo y vida
Y se sigue adelante
Siendo justos
Pase lo que pase
CONJUGACIÓN
Malu Otero
Él me perdió
Por eso, yo me perdí
Y te encontré.
Pero, Me equivoqué
Tú me perdiste
Ya no me encontraré.
biografia:
Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz,Nacida en Bragança Paulista, interior del estado de São Paulo, Brasil, a 12 de febrero de 1958. Como escritora assino MALU OTERO. Sou professora de espanhol na UNESP, Universidad Estadual Paulista. Trabalho na formação de professores de espanhol.
Vivo en Assis, São Paulo, Brasil. Escrevo desde 2000, poesias de amor [a maioria delas], poesia de crítica social, de escárnio...
Tenho um site onde veiculo algumas de minhas poesias, bem como coloco informações da cidade em que vivo, da universidade em que trabalho e material didático por mim elaborado. O endereço do site é http://br.geocities.com/poesialuz/ Também tenho uma página web no Avpb - Academia Virtual Poética do Brasil, cujo endereço é http://www.avpb.olga.kapatti.nom.br/academicos_avpb/87_maria_lourdes_otero.htm Tenho poesias fazendo parte de inúmeras cirandas na internet, além de duetos, trietos, etc, o que configura uma escrita solidária, própria do nosso tempo. Tenho um livro publicado na Espanha, como premiação à minha tese de doutorado, que se intitula Etapas de Interlengua Oral en Estudiantes Brasileños de Español. Nele aparece uma poesia de minha autoria, Padre Mío que Estás en..., uma homenagem ao meu pai, que deu origem à minha produção poética.
brasilea45@yahoo.es
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Vários autores
Corpus
El grito por Jose Ignacio Prieto de Pico.
A argila
Carne que perambula
Vermes – e alma –
Só tornará calma
Se argila tornar Ser
O barro não morre o corpo
Sedento de espírito vira anti-corpo!
E quando a morte se dera
Na alma do corpo que se fizera
Verás desta vida apenas quimera
Santificada seja a morte que me retorna à vida da terra!
Somente lá estarei concluído
Somente lá jamais serei vencido
Somente lá terei a paz sem guerra
João Batista do Lago
Heroínas
Cassandra
Já fui Ceci
envolta em plumas e penas.
O sonho de Peri.
Vivi delicias plenas
e suplícios,
transvertida em Lúcia.
Lucíola e seus
vícios.
Ressaca tomou-me os olhos
de Capitu.
Nadei em ondas revoltas.
Iracema de Caramuru.
Cabelos negros asa de graúna,
lábios de mel.
Nos confins do pampa.
Coxilha e céu.
Fui Ana Terra.
Fui Bibiana,
e no sertão Tereza.
Sempre Tereza...
Cansada de Guerra.
Sônia (Anja Azul)
Perdidos e achados num convés
Así será por Maria Eugenia Sampaoli
Hei fantasma não quero mais brincar
Que graça tem brincar de fantasma?
Vento morno, esconde-esconde,
Quando minha vontade é de voar
Voar sete saias de alma
E sentir o coração disparar
Larguei esse baú no fundo das águas
Cansei desse baile de máscaras,
Dessa música de fundo, fundo de mar,
Das mil e uma cartas sem respostas,
E desse seu, apenas, conjugar de verbos
levo na mão a palma
-metade de um mapa-
Carrego o vento nos cabelos,
O olhar enigmático das fadas,
E pra semear, o amor entre os dedos
Trago as asas de um sonho que brotou nas minhas costas,
As flores de março, quadris da floresta,
Cravejado no coração da mata,
E do acaso as longas pernas
Abigail Brasil
Heloisa B.P.
*PENSEI QUE SABIAM* | for everyone |
[Imagem recolhida na NET. Se ferir alguns interesses autoriais, retirarei com minhas desculpas.]
VERSOS DISPERSOS
ANVERSOS/"PERVERSOS"
PERDIDOS NA NOITE DA MINHA
ALMA SEM COR
_SEM RUMO_
PERDIDA NA DOR!
................
Pensei que sabiam
Como me doi, mais que dor de doenca,
Sentir reinar no meio de vos
Uma estupida desavenca!
Pensei que sabiam
Como vos quero, amando-se
SEMPRE! E, assim,
Do mesmo modo, de quando eram criancas!
Pensei que sabiam
Quao dolorido
Meu coracao tem vivido
Que me interrogo, como tem ele sobrevivido!?…
Pensei que sabiam
Que nao sao os bens materiais
Que me movem e, sao mais valia;
Mas sim, vosso Amor e a Paz do dia a dia!
Pensei que sabiam
Que nao me interessam vaidades e “honrarias”
Mas, sim VOSSO SORRISO
Dando-me os BONS DIAS!
Pensei que soubessem
Que dou preferencia a minha morte
Se me derem por “vida”
O espelho da vossa intolerancia!
PENSEI QUE SABIAM
QUE, HOJE, MEU PIOR MAL
NAO E’ VELHICE E POBREZA;
MAS , OPTAREM POR(ou)FINGIR, NAO SE AMAREM
_NAO, NAO QUERO ACREDITAR!
_PENSEI QUE SABIAM,
COMO ME DOI, MAIS QUE A DOR DA DOENCA,
SENTIR, OU PRESSENTIR,
REINAR, ENTRE VOS, UMA ESTUPIDA DESAVENCA_!
_NAO, NAO QUERO ACREDITAR!
Contudo, eis o caminho mais curto, para minha vida ACABAR_!
_NAO!_NEGO-ME A ACREDITAR_!
………………………………
.................
Escrito em 27 de Agosto de 2008.
[Noite_MAIS NEGRA QUE A NOITE_!]
Bath.
H.
Jaime CARDONA HERNÁNDEZ
|
João Poeta do Brasil
© DE João Batista do Lago
Há monstros!
Monstrengos há!
Seus caninos afiados
feitos presas de javalis
vislumbram o ataque fatal...
Mas, depois de devorada a tartaruga
percebem o grande mal que a si fizeram:
suas carnes estão sendo comidas
pouco-a-pouco são corroídas
nos palácios dos seus ancestrais...
Paradoxo do mal
Gabali não mais lhes dará abrigos!
O ventre que se lhes gerara recusa a imolação
Será o javali santo ou assassino?
Na pedra da imolação
Terá que comer seu própiro ventre
Pensou engravidar-se da tartaruga
Mas, fez-se apenas oblação
Será o javali santo ou assassino?
Alexandra Botto
Alexandra
Botto
SIGLO XXI
Vivo en ti
en tu agujero de ozono
en la curva eléctrica de tu muerte
vía satélite
con una lata de refresco en la mano
y a control remoto.
LA ÚLTIMA EN VOLVER
Llegaré como la mujer de Otro
como la hija que abandona el pueblo
con la brida de mil sueños en sus manos
Con mi lágrima resbalando entre montañas hasta el carnaval de hienas y luces:
Monterrey esplendorosa
Estaré ahí una vez cumplida la profecía de mi carne
después que el amor transite calle abajo en la memoria
y no quede rastro del enjambre de erecciones predichas en mi horóscopo
Muerto el dolor
ante la estatua de sal que dejé inscrita con mi nombre
acudiré al deseo intempestivo de otros labios
Será nadie la mancha de tu cuerpo en la cama
será nada el pensamiento itinerante de los recuerdos
La suite de aspecto animal
Dos y media de la mañana.
Los faros continúan arrastrando su luz por el asfalto
y la oscuridad apilándose a los lados del camino.
No te das cuenta de tu rostro escarchado por los relámpagos,
de las ramas de tus cabellos suturando la electricidad del aire
y que transforman al viento en una llama transparente.
No hay cielo?
No hay tal.
La mariposa que soñó nuestros destinos dejó en tus alas el resplandor contagiado de mi fantasía.
Mis deseos acechan en tu cuerpo desnudo el vínculo carnal con mi conciencia.
No hay erección ?
No, es un lirio blanco.
Ahora un sollozo confunde todas mis pesadillas y en el silencio encanecido de tu ausencia una idea abandona la tierra..
-Ya basta! Desconecten el neurotransmisor, curen las heridas de sus brazos, que permanezcan fijas las imágenes de su neurosis en la pantalla.
No lo acorralen, tampoco lo rasuren, que no escape.
Manténgalo en la zona emocional.
Si es necesario provóquenle una aurora boreal.
Faltan veinte minutos para un poema
Alexandra Botto
Biografía:
Alexandra Botto
Monterrey , Nuevo León 1964
alexandrabotto@aol.com
ale_botto1@yahoo.com.mx
Su trabajo poético ha sido incluído en varias antologías de cuento y poesía en España y México, traducido al inglés, y al rumano.
Ha participado en diferentes encuentros de poesía internacionales en Cuba, España y Estados Unidos.
Ha publicado en “ Tierra Adentro”, “ El Bhúo”, entre otras revistas literarias , periódicos nacionales y websites.
Fundadora del Proyecto Editorial Independiente Homoscriptum que apoya las ediciones de autor sin fines de lucro y que ha publicado 7 libros a la fecha, incluyendo una antología de poetas españoles contemporáneos .
Obtuvo mención de honor en poesía en el primer certamen de Poesía y Cuento de la Fundación para las Artes de Tepic, Nayarit, en 1992 y el segundo lugar del concurso de Cuento del periódico underground La Rocka , de Monterrey, N.L., en 2005.
Tiene publicado un libro de poesía “ Días de Viento ”
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